A adolescência, segundo Brêtas e colaboradores (2002), é uma fase do desenvolvimento humano caracterizada por um intenso crescimento e desenvolvimento do indivíduo. Manifesta-se através de transformações marcantes ao nível anatómico, fisiológico, psicológico e social. É também considerada como uma fase de transição nas etapas de vida, mais precisamente da infância para a vida adulta, a qual inclui a reconstrução de aspetos do passado e elaboração de projetos para o futuro (Almeida & Cunha, 2003).
Num contexto mais psicológico é a etapa na qual o indivíduo procura a identidade adulta, apoiando-se nas suas primeiras relações afetivas, já interiorizadas, que teve com os seus familiares e confirmando com a realidade que a sociedade lhe oferece (Brêtas et al., 2011).
Perante as mudanças e amadurecimento do seu corpo, os jovens passam a se preocuparem mais com ele e a valorizá-lo cada vez mais, tendo maior cuidado no que diz respeito à sua aparência visual, adotando comportamentos sociais e sexuais atribuídos a cada sexo (Aberastury & Knobei, 1981).
Estas mudanças configuram a identidade do jovem que, com a influência de processos sociais e culturais, delineiam a construção da mesma. A identidade corresponde ao fator central da identidade de género e sexualidade, tendo em conta a identificação desta enquanto um processo de constante mudança, assim como nas suas implicações para a experiência da vida sexual (Brêtas et al., 2011).
No que diz respeito à sexualidade, segundo Brêtas e colaboradores (2011), é algo que se aprende e se constrói, capaz de interferir no processo de aprendizagem, na saúde mental e física do sujeito. A iniciação precoce na vida sexual dos adolescentes tem preocupado cada vez mais os profissionais de saúde, pais e professores em consequência da falta de conhecimentos sobre o uso de contracetivos e sobre a conceção (Cano et al., 2000).
Nos últimos anos, tem se vindo a sentir uma banalização da sexualidade, tanto pela sociedade como através dos média e redes sociais. Essa banalização tem dificultado a tarefa de educar os mais jovens, de associar sexo a afeto, responsabilidade e promoção da saúde (Cano et al., 2000).
Diante desta realidade, a sexualidade deve ser um tema de discussão e debate entre pais, educadores e profissionais de saúde, tendo como objetivo encontrar formas de orientar e informar os jovens. É também necessário desmistificar mitos e tabus, para que os adolescentes tenham responsabilidade, autoestima e pratiquem a sua sexualidade em segurança, prevenindo doenças e outros comportamentos que se poderão refletir em sentimentos de culpa e tristeza, comprometendo, assim, o seu bem-estar psicológico.
Referências:
Aberastury, A., & Knobei, M. (1981). Adolescência normal. Porto Alegre.
Almeida, A. M. O. & Cunha, G. G. (2003). Representações Sociais do Desenvolvimento Humano. Psicologia: Reflexão e Crítica, 16(1), 147-155.
Brêtas, J. R. D. S., Ohara, C. V. D. S., Jardim, D. P., Aguiar Junior, W. D., & Oliveira, J.R. D. (2011). Aspectos da sexualidade na adolescência. Ciência & Saúde Coletiva, 16, 3221-3228.
Brêtas, J. R. D., Querino, I. D., Cintra, C. D. C., Ferreira, D., & Correa, D. D. S. (2002). Compreendo o interesse de adolescentes do sexo masculino e feminino sobre o corpo e sexualidade. Temas desenvolv, 20-29.
Cano, M. A. T., Ferriani, M. D. G. C., & Gomes, R. (2000). Sexualidade na adolescência: um estudo bibliográfico. Revista Latino-americana de enfermagem, 8, 18-24.
Saudações Psikikas
J.P.D.
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