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Resistência e ambivalência na mudança


Opposites in one Painting - Kawthar Alfarah


Os conceitos de resistência e ambivalência face à mudança são termos aproximados, por vezes sobrepondo-se. O conceito de resistência refere-se, de forma geral, a comportamentos que interferem com o processo de mudança. Já o conceito de ambivalência é um estado que envolve um movimento de aproximação e afastamento à mudança, sendo que a mesma é vista de uma forma hesitante (Engel & Arkowitz, 2006a).


Segundo Broomberg (1998), nestes fenómenos existe uma comunicação dialética entre diferentes partes do self que incorporam as noções opostas de estabilidade e mudança. Esta visão remete para a própria construção do self: um processo dialogante de várias forças em constante construção. Ou sejai, é natural que num processo de mudança psicoterapêutica ocorra conflito, uma vez que o self, para além do desejo de mudança, é constituído também por uma necessidade de coerência interna, mesmo que essa mesma necessidade induza a resultados disfuncionais.


Antes de tentar modificar as forças que movimentam alguém a agir de uma determinada maneira ou a resistir, é necessário compreender verdadeiramente o porquê da resistência ocorrer e como isso faz parte da identidade. A resistência não é meramente um obstáculo.

Assim, a mudança desejada poderá ocorrer quando o medo da perda de coerência interna (verdadeiramente, da desintegração do próprio self), é passível de ser suportado. Isso deverá ser trabalhado num contexto terapêutico quando o paciente demonstrar ambivalência e/ou comportamentos de resistência. Poderá ser esta a essência do trabalho psicoterapêutico: mais do que atingir um insight racional sobre as situações disfuncionais, trata-se de ajudar e apoiar o paciente num processo de mudança que é, por definição, difícil.


É importante salientar a ideia de “experiência emocional corretiva” que pode ajudar neste processo: o re-experienciar um padrão de comportamento numa relação terapêutica protegida em que o resultado é diferente do que o vivido anteriormente (Alexander & French, 1946, citado por Engle & Arkowitz, 2006b). Assim, para além da descoberta teórica sobre a causa do problema, o que se pode atingir é uma descoberta emocional que é possível um desenlace distinto, não traumático, e assim originar a mudança desejada.


Referências:

Bromberg, P. M. (1998). Resistance, Object usage, and Human Relatedness. Capt. 14, In P. M. Bromberg, Standing in the Spaces: Essays on Clinical Process, Trauma, and Dissociation. Psychological Press: New York.


Engle, D. E., & Arkowitz, H. (2006a). An overview of resistance and ambivalence. Capt. 1, In D. E.Engle, & H. Arkowitz, Ambivalence in psychotherapy: Facilitating readiness to change. Guildford: New York.


Engle, D. E., & Arkowitz, H. (2006b). Theories of resistance and ambivalence. Capt. 2, In D. E.Engle, & H. Arkowitz, Ambivalence in psychotherapy: Facilitating readiness to change. Guildford: New York.

 

Psikikamente, desejo-vos um bom dia!

A.P.

 

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