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Perturbação Bipolar: os Extremos da Emoção


A Perturbação Bipolar é usualmente designada de doença bipolar e anteriormente era conhecida como depressão maníaca ou psicose maníaco-depressiva. Trata-se de um distúrbio mental caracterizado por mudanças extremas e acentuadas de humor, energia e nível de atividade. Essas flutuações de humor, energia e de nível de atividade podem afetar significativamente a vida diária da pessoa, desde trabalho e relacionamentos, à sua capacidade de realizar tarefas quotidianas, denotando-se uma perda significativa de qualidade de vida e de autonomia.


É estimado que cerca de 2% da população sofra desta doença, sendo que doença bipolar do Tipo II é mais comum em mulheres contrariamente ao Tipo I que afeta igualmente homens e mulheres. Em Portugal estima-se que existam cerca de 200 mil casos de doença bipolar. Esta doença manifesta-se frequentemente pela primeira vez antes dos 25 anos de idade, isto é, entre a adolescência e a fase de jovem adulto, podendo manifestar-se noutras fases da vida.


Esta patologia manifesta-se, então, pela existência de períodos de humor, atividade e energia elevados (mania ou hipomania – uma forma mais leve), períodos de diminuição e humor depressivo e, ainda, períodos mistos, nos quais podem coexistir sintomas típicos de episódios de euforia e do período depressivo. Entre esses extremos, algumas pessoas podem experimentar períodos de humor estável.


Os episódios…


Durante um episódio maníaco, a pessoa pode sentir-se extremamente eufórica ou irritável, com muita energia e reduzida necessidade de sono. A mania pode levar a comportamento impulsivo, aumento da autoestima, grandiosidade, e um pensamento e fala acelerados e excessivos. Em certos casos podem ocorrer sintomas psicóticos, como alucinações ou ideias delirantes.

Por outro lado, um episódio depressivo é marcado por sentimentos de tristeza intensa, desesperança e perda de interesse nas atividades que antes eram prazerosas. A pessoa pode ter dificuldades para dormir ou dormir demais, sentir-se cansada e sem energia, e, em casos graves, ter pensamentos suicidas.


Existem dois tipos de perturbação bipolar, sendo que qualquer dos dois tipos pode predominar numa pessoa com a sua frequência bastante variável:


Perturbação bipolar tipo I

O quadro clínico de perturbação é caracterizado por episódios maníacos que duram pelo menos sete dias ou por sintomas maníacos que são graves a ponto de necessitar de hospitalização. Também ocorrem episódios depressivos que duram normalmente pelo menos duas semanas. Durante este período podem estar presentes três ou mais dos sintomas:

  • Diminuição da necessidade de dormir;

  • Autoestima aumentada;

  • Fuga de ideias ou aceleração do pensamento;

  • Falar mais do que o habitual;

  • Elevado envolvimento em atividades com elevado potencial para consequências impróprias ou desagradáveis;

  • Distratibilidade observada ou relatada;

  • Aumento da agitação psicomotora ou da atividade dirigida a objetivos.


Perturbação bipolar tipo II

A perturbação bipolar tipo II define-se por um padrão de episódios hipomaníacos menos severos do que os episódios maníacos do Bipolar I e um episódio depressivo major com um período de pelo menos duas semanas. A depressão major inclui cinco ou mais dos sintomas:

  • Humor depressivo quase todos os dias, a maior parte do dia;

  • Diminuição do interesse ou prazer na maioria das atividades;

  • Perda ou aumento significativo de peso sem fazer dieta;

  • Insónia ou hipersónia;

  • Lentificação ou agitação psicomotoras;

  • Fadiga ou perda de energia;

  • Sentimentos de desvalorização, culpa excessiva ou inapropriada;

  • Diminuição da capacidade de pensar ou concentrar-se;

  • Pensamentos recorrentes acerca da morte, incluindo-se ideação suicida recorrente, com ou sem plano específico de cometer suicídio, ou uma tentativa de suicídio.


Ciclotimia ou Perturbação ciclotímica

Trata-se de uma “forma menos grave de perturbação do humor” que envolve períodos de sintomas hipomaníacos e períodos de sintomas depressivos que duram pelo menos dois anos (um ano em crianças e adolescentes), mas os sintomas não atendem aos critérios diagnósticos completos para um episódio hipomaníaco ou depressivo.



As causas…

As causas exatas do transtorno bipolar não são totalmente compreendidas, acreditando-se numa combinação de fatores genéticos, biológicos e ambientais. Esta perturbação tende a ocorrer em famílias, o que sugere a existência de uma componente hereditária, ademais, estudos de imagem cerebral têm mostrado diferenças e anormalidades na estrutura e função do cérebro.  A par destas, existem os eventos traumáticos ou geradores de stress, abuso de substâncias e outras condições médicas que podem desencadear ou agravar os sintomas.


O Diagnóstico e o Tratamento…


Diagnosticar a perturbação bipolar pode ser desafiador, pois os seus sintomas podem sobrepor-se a outros distúrbios mentais, como a depressão e esquizofrenia. A PB deve tratar-se a longo prazo e evidenciam-se duas fases distintas do tratamento: a fase aguda (maníaca, hipomaníaca, depressiva, mista) e a fase de manutenção. O tratamento usualmente inclui uma combinação de medicação e psicoterapia, dado que os estabilizadores de humor, antipsicóticos e, por vezes, antidepressivos são ajudam a controlar os sintomas e a doença e diminuem a probabilidade de recaídas. Terapia como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e a psicoeducação podem ser eficazes para ajudar as pessoas a lidar com os sintomas e a desenvolver estratégias para gerir os episódios maníacos e depressivos, sendo que crises mais graves tendem a implicar internamento hospitalar. Por fim, manter um estilo de vida saudável, dieta equilibrada, exercício regular e sono adequado, podem ajudar a estabilizar o humor que, a par da rede de apoio forte, como amigos, familiares e grupos de apoio, são cruciais para lidar com a doença.


Dado que a sua causa da perturbação bipolar não foi determinada, não existe ainda um método específico para a prevenir sendo de extrema relevância que as pessoas conheçam os seus sintomas e procurem uma intervenção precoce para os mesmos. Pedir ajuda quando “as alterações de humor forem significativas, traduzindo uma alteração significativa relativamente ao que era o humor ou o comportamento daquela pessoa. No caso de já ter tido episódios anteriores, o recurso a ajuda médica pode e deve ser ainda mais rápido”.


Em suma, a perturbação bipolar é uma condição complexa que pode ter um impacto significativo na vida de uma pessoa e de quem está à sua volta, no entanto, com o tratamento adequado e suporte, muitos conseguem gerir os sintomas e ter uma vida plena e produtiva. É, então, essencial aumentar a conscientização e reduzir o estigma associado à doença para que mais pessoas procurem a ajuda de que precisam, especialmente de um modo preventivo (aquando dos sintomas e alterações iniciais).


Estamos aqui, na PSIKIKA, para o ajudar.

91 425 07 10



 

Saudações Psikikas.

C.T.

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