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O (cão)panheiro na Psicoterapia

  • Foto do escritor: Psikika
    Psikika
  • 20 de mai. de 2024
  • 3 min de leitura

A ligação estabelecida entre o Homem e o animal tem-se vindo a manifestado benéfica na vida do Homem, uma vez que, dado o seu comportamento, as interações com os animais fomentam a comunicação, expressão de necessidades e partilha de informações e de sentimentos. Ao longo do tempo entendeu-se que a aptidão dos animais ultrapassava o papel de animal de estimação, podendo agir em contextos diversos, como enquanto animais treinados para o acompanhamento.


Ao crescer, rapidamente assimilamos o evitamento do toque, ainda que este promova o sentimento de segurança e calma que o ser humano estima. A relação Homem-animal é tão mais benéfica quanto mais necessidades o sujeito experiência psicologicamente, nomeadamente a necessidade de segurança, de reconhecimento, de uma ausência de julgamento, de constante feedback. Todas estas características são identificadas nos animais, dado que reconhecem o afeto e carinho recebidos e retribuem, concedendo feedback face à atitude do sujeito, não julgando e dando uma sensação de cuidado e de amor incondicional.


No que concerne à interação entre Homem e cavalo, esta possibilita o estabelecimento de interações simbólicas do Homem, comunicando as suas intenções ao cavalo através do corpo e concebendo-o como a base da comunicação na relação. A reação do cavalo nas interações entre ambos advém do vínculo entre o feitio e experiências do cavalo e o temperamento e habilidades do cavaleiro. Quanto à relação estabelecida com o cão, esta demonstra desenvolver um sentido responsabilidade, descodificação da linguagem corporal e compreensão de sentimentos na criança, incentivando a sua sensibilidade e companheirismo para com os outros.




Ademais, a conexão com um animal na infância acarreta benefícios, como a melhoria nas relações entre pares, o aumento do QI das crianças e, consequentemente, do rendimento escolar. Esta aproximação afetiva contribui, ainda, para um melhor prognóstico e melhorias de algumas psicopatologias, como a esquizofrenia, a depressão e o autismo. Estes benefícios resultam do facto de um animal promover momentos lúdicos, uma atitude mais ativa e um decréscimo da ansiedade e sentimento de solidão, a par do contacto físico e troca de afetos, favorecendo as relações interpessoais.


Dados os benefícios emocionais resultantes da relação entre o Homem e os animais, tem-se vindo a explorar as Intervenções Assistidas Por Animais (IAA) e a sua aplicabilidade aos diversos contextos.


As IAA tratam-se de intervenções estruturadas e orientadas para objetivos que integram, de forma ativa e intencional, os animais em atividades dos diversos contextos – saúde, educação e serviço humano – com o intuito de obter ganhos terapêuticos e promover a saúde e o bem-estar. Estas intervenção são passíveis de serem aplicadas a diferentes populações, desde crianças a idosos, com ou sem patologias associadas.


Nas IAA pode recorrer-se a diversas espécies animais – peixes, pássaros, coelhos, hamster, tartarugas, cavalos, burros, gatos, cães golfinhos, entre outros – desde que a espécie escolhida apresente características físicas e comportamentais adequadas aos objetivos da intervenção. Destas características fazem parte os comportamentos consistentes, previsíveis e riscos mínimos, sendo mais comum o uso do cão ou cavalo, dada a facilidade que têm em estabelecer ligações e as suas respostas positivas ao toque.


Ainda assim, nem todas as raças caninas podem ser usadas, sendo essencial averiguar as vantagens e desvantagens de cada, a resistência, agressividade, saúde, motivação, concentração e aprendizagem, sendo o Labrador, Golden Retriever e Pastor mais aptos. Todos estes animais têm, primeiramente, de passar por uma avaliação por profissionais de veterinária e da psicologia comportamental obrigatoriamente.


A Educação Assistida por Animais (EAA) é uma intervenção que visa facilitar o processo educativo para atingir objetivos pedagógicos, sendo dirigida, projetada, organizada e executada por um professor qualificado e adaptada a cada aluno, focando- se essencialmente em crianças com dificuldades de aprendizagem. Trata-se de um método de ensino inovador com vista ao desenvolvimento do sujeito a nível integral, fortalecendo as relações sociais e afetivas e melhorando as suas aprendizagens. A EAA faz do cão motivador e facilitador da relação entre aluno e professor e divide-se entre Educação Humana Assistida e Leitura Assistida por Animais. A primeira promove de valores pessoais, como a bondade, a compaixão, a responsabilidade e o respeito, enquanto a segunda cria um contexto facilitador de leitura, desfrutando da presença de um animal treinado, em sessões de leitura planeadas e estruturadas.

As Atividades Assistidas por Animais (AAA) têm uma vertente mais lúdicas. Segundo a Associação Portuguesa para a Intervenção com Animais de Ajuda Social, as AAA são intervenções terapêuticas que se podem adaptar a diversos contextos – prisões, hospitais, lares, IPSS, escolas e clínicas – e têm resultados benéficos a nível educacional e recreativo. As AAA são realizadas por profissionais devidamente credenciados em conjunto com animais cuidadosamente selecionados e educados para este fim.


Estas atividades podem ser dirigidas a pessoas de todas as idades, promovendo o entretenimento e distração e tendo ganhos terapêuticos, educacionais e motivacionais, com o intuito de melhorar a sua qualidade de vida. Dizem, então, respeito a práticas recreativas que despertam e estimulam os sentimentos dos participantes.



Saudações Psikikas.

C.T.


 


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