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E quando nasce um(a) novo/a filho/a? - O Impacto do Nascimento de um Irmão(ã) na Criança e na Estrutura Familiar


A chegada do segundo filho acarreta mudanças na dinâmica familiar, tendo impacto nas rotinas e nos membros que a constituem, sendo interessante considerar os efeitos psicoemocionais no primogênito.


As alterações sentidas podem ocorrer em diferentes níveis, pessoal, relacional, contextual e nesse sentido a criança mais velha pode experienciar alterações no comportamento e relação parental antes mesmo da chegada do novo membro à família.


Nos últimos tempos a literatura tem procurado compreender não só as adaptações vivenciadas pelos pais, mas sobretudo o impacto emocional que esta mudança acarreta para o primogênito.


Estudos anteriores refletem sobre o impacto da relação entre a mãe e o filho mais velho, bem como a experiência de emoções negativas e positivas resultantes da interação da díade, sendo observado um aumento da maturidade exibida pela criança como resultado da aproximação do nascimento do irmão, desenvolvendo capacidades como alimentação e linguagem ao mesmo tempo que se observam algumas “regressões”, nomeadamente a necessidade do adulto para adormecer, episódios de enurese noturna entre outros.


Neste sentido e em concordância com o referido, algumas crianças tendem a exibir comportamentos de isolamento e retirada que terão implicações no relacionamento entre o irmão e o bebé, podendo verificar-se o aumento de comportamentos desadequados por parte do primogênito. Comportamentos de regressão como é o caso da imitação do comportamento do bebé surgem como estratégia para obter ou reaver a atenção prestada pelos pais.


Alguns autores referem o possível impacto do gênero da criança e da idade da mesma, no momento do nascimento do irmão. Considerando a perspetiva observada, durante o mesmo período pode observar-se uma aproximação da figura materna no período que antecede o nascimento, tal como uma maior procura do apoio prestado pela figura paterna no momento que o sucede.

Seria importante considerar os sentimentos despoletados na figura materna perante a chegada do segundo filho. Segundo aponta a investigação, podem revelar preocupação excessiva sobre a atenção prestada a ambos os filhos, sendo importante ressalvar o impacto que a chegada do recém nascido acarreta na disponibilidade parental para lidar com situações emocionais e de desregulação mais intensas, exibidas pelo primogênito.


Diversos autores ressalvam a emergência de sentimentos de culpa e tristeza na mãe, associados a perda da relação existente com o filho mais velho anteriormente a esta mudança, sendo ainda salientada a preocupação associada à sentimentos de inveja e rivalidade exibidos pela criança.


A investigação demonstra a influência de várias teorias associadas à alteração que ocorre a nível de estrutura familiar e pessoal com a chegada de um novo membro à família, nomeadamente Modelo de Crise Familiar e Eventos de Vida Stressantes, Pontos de Mudança, Transições Desenvolvimentais e Ecológicas. Adicionalmente é referida a importância de considerar, as características da criança (primogênito), nomeadamente o temperamento da mesma e a sua capacidade de compreensão da situação em que se torna “o/a irmão/ ã mais velho/a”, bem como a consideração da saúde mental das figuras parentais durante o período de transição e suporte prestado ao filho mais velho, como fatores imprescindíveis para a compreensão adequada do novo momento de vida que se aproxima.

De um modo geral compreende-se, que a chegada de um recém nascido e a passagem a “irmão mais velho” está associada a um momento stressante para a criança, contudo nem sempre está associado a dificuldades de ajustamento ou comportamentos desadequados. Assim, é apontado como um período disruptivo que permite o desenvolvimento de novas capacidades, podendo considerar-se um momento de crescimento importante para o primeiro filho(a). Neste sentido, é importante salientar que a investigação demonstra que, considerando a expectativa dos pais perante a chegada do irmão e o comportamento exibido pelo primogênito após o mesmo, tal como a capacidade de gerir a nova situação em que se encontra, é consideravelmente mais positiva do que o esperado. Sentimentos de rivalidade e inveja são esperados neste momento, bem como momentos de afeto, ajuda, cuidado e compreensão, sendo a expressão dos dois observada na maioria das crianças.



Assim, é possível constatar como as características individuais, relacionais e contextuais influenciam o momento de mudança e chegada de um novo membro à família, bem como a capacidade de agir adequadamente, acolher a criança nos momentos de crise e compreender os seu espaço emocional de modo a tornar o momento de crise mais tranquilo para todos os intervenientes a longo prazo.


Um até já, Psikiko.

BB.




 

Referências

  • Stewart, R. B., Mobley, L. A., Van Tuyl, S. S., & Salvador, M. A. (1987). The firstborn's adjustment to the birth of a sibling: A longitudinal assessment. Child Development, 341- 355.

  • Volling, B. L. (2012). Family transitions following the birth of a sibling: an empirical review of changes in the firstborn's adjustment. Psychological bulletin, 138(3), 497.

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