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Como perceber se uma criança apresenta uma Perturbação do Espetro do Autismo (PEA)?

A Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) trata-se de um distúrbio do neurodesenvolvimento e caracteriza-se por um conjunto de perturbações que têm em comum as dificuldades na comunicação e interação social, associadas a comportamentos repetitivos, restritivos (interesses marcados por objetos ou temas específicos) e estereotipados, presentes desde idades muito precoces. A designação de espectro foi atribuída pela variabilidade dos sintomas, desde as formas mais leves (no qual as crianças conseguem ter uma vida diária mais funcional) até às formas mais graves (prejudicando significativamente o funcionamento social, escolar ou outras áreas importantes do dia-a-dia da criança).


Estas são algumas das queixas mais frequentes dos pais, cuidadores, professores ou de outras pessoas significativas que lidam com crianças com PEA. As preocupações iniciais dos pais/cuidadores giram em torno do desenvolvimento da comunicação, relacionalidade, dificuldades do sono, na alimentação, no desenvolvimento motor e nas brincadeiras. Por vezes são observadas regressões da linguagem.



Mas, quais serão os sinais de alerta?


Dificuldades na comunicação e interação social:

  • Dificuldades na reciprocidade socioemocional – dificuldade no estabelecimento de uma conversa; reduzido compartilhamento de interesses, emoções ou afetos pelo mundo exterior, devido ao seu mundo interior.

  • Presença de comportamentos comunicativos não-verbais – dificuldades na compreensão, recurso a gestos, nos casos mais graves com ausência de expressões faciais e de comunicação não-verbal.

  • Dificuldades no estabelecimento, desenvolvimento e compreensão nos relacionamentos – dificuldade em ajustar comportamentos aos diferentes contextos sociais; dificuldade em compartilhar brincadeiras imaginativas; ausência de interesse pelos pares.
















Padrões restritivos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades:

  • Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados/repetitivos – ecolalia (discurso repetitivo), alinhar brinquedos, estereotipias motoras simples, etc.

  • Adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de comportamento – necessidade de fazer o mesmo caminho ou ingerir os mesmos alimentos todos os dias, com visível sofrimento face a pequenas mudanças de rotina.

  • Interesses fixos e restritos – preocupação com objetos ou temas incomuns.

  • Hiper ou hiporeatividade a estímulos sensoriais – indiferença à dor/temperatura, cheirar ou tocar em objetos de forma excessiva, fascinação visual por luzes/movimento, etc…

Os sintomas podem ser identificados precocemente pelos pais, cuidadores, pessoas significativas ou profissionais que lidem com crianças com PEA, sendo que os primeiros sinais tendem a estar presentes nos primeiros 2 anos de vida da criança.


Paralelamente, cuidar de uma criança com autismo assume-se como uma tarefa complexa para os pais, dado que estes muitas vezes se sentem incapazes de se adaptar aos comportamentos comummente exibidos pelas suas crianças, levando-os a poderem experienciar sentimentos de inadequação, ansiedade, falta de esperança, falha e frustração. A parentalidade acaba por ser um processo desafiante para os pais.


Um diagnóstico precoce da PEA permite uma intervenção mais específica, mais individualizada e com capacidade de melhor prognóstico. É ainda importante referir que o afecto e o amor dos pais são essenciais para que a criança possa evoluir com melhores respostas ao seu mundo exterior. As crianças com PEA são crianças especiais, por terem um mundo especial e repleto do seu colorido. Assim, o início precoce de uma intervenção terapêutica é fundamental em crianças diagnosticadas com PEA, trazendo uma esperança e segurança aos pais e à sua parentalidade.


Desta forma, ao longo do processo terapêutico, é essencial o envolvimento ativo dos pais, cuidadores, técnicos, educadores, professores, entre outros. O objetivo do acompanhamento psicológico e intervenção terapêutica com crianças com PEA é descobrir e ajudar estas crianças com o seu mundo interior, de forma a promover as suas competências, com estratégias que minimizem o seu mal-estar, que promovam a sua autonomia, qualidade de vida e regulação emocional, a par com uma psicoterapia com interacção parental (em idade precoce) que promova a relação e as emoções positivas, tal como o conhecimento da relação de pais-filho(a)s.

 

Com um até já Psikiko!

J.C.

 



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