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Bullying

  • Foto do escritor: Psikika
    Psikika
  • 22 de mar. de 2022
  • 4 min de leitura

O bullying não é uma brincadeira nem um conflito pontual entre crianças ou adolescentes e também não faz parte do desenvolvimento normativo de uma criança ou jovem! Desentendimentos breves são conflitos normais ao desenvolvimento, e desejáveis, enquanto oportunidades de desenvolvimento da capacidade de resolução de problemas, resolvendo-se com alguma brevidade. No entanto, o bullying distingue-se dessas situações pela intencionalidade e continuidade do comportamento no tempo, numa relação caracterizada por uma diferença de poder ou força, tornando-se por isso uma forma grave de agressão (física, psicológica ou social), sendo a causa de grande sofrimento emocional e dificuldades sociais em crianças e jovens, podendo impedir o natural desenvolvimento da sua personalidade e limitar o seu ajustamento psicológico, além das consequências mais imediatas para o seu bem-estar e segurança.




Trata-se de um fenómeno de grupo, que existe entre pares, em que uma parte tem poder sobre a outra, sendo na escola, nomeadamente os espaços de recreio, onde acontece a maior parte dos casos de bullying, ainda que possa também ser feito em zonas próximas da mesma ou até pela internet, através das redes sociais, o chamado cyberbullying.


O bullying pode ter consequências muito graves para a saúde física, emocional, social e até para o sucesso escolar de todos os envolvidos, não só para os alvos, mas também para os bullies, para as próprias testemunhas e para os espectadores, para os reforçadores e para os defensores, tornando-se por isso um problema com um impacto mais alargado e de resolução complexa. Resumidamente, tanto a vítima como o agressor são indivíduos que se encontram em sofrimento psicológico. Ambos têm fragilidades ao nível da sua autoestima, problemas sociais e podem sentir dificuldades em estabelecer relações positivas com os outros (sendo que o agressor esconde as suas fragilidades atrás de uma “autoconfiança ilusória”). Ou seja, existem vários papeis numa situação de bullying, e todos temos um papel importante na prevenção destas situações.


Ser vítima de bullying na infância ou juventude tem consequências ao longo da vida e aumenta os riscos do desenvolvimento de problemas relacionados com a saúde mental.


Mas, quais os sinais de alerta?


  • Crianças que modificam o seu comportamento habitual e se demonstram mais abatidas, centradas nelas mesmas, com falta de paciência, com medo de ir à escola, mais ansiosas, com dores físicas (cansaço, dores de cabeça/estômago), com dificuldades de concentração na escola ou com alterações de humor.

  • Aparecem com materiais escolares danificados, nódoas negras, feridas, têm pesadelos com mais frequência ou acordam a chorar, pedem ou roubam dinheiro aos familiares e parecem socialmente isoladas.



Neste sentido, se se verificar que o seu filho é vítima de bullying:

  • Aceite a situação, o que não significa concordar ou aprovar, mas sim olhar para a situação como ela é. A não aceitação e a resistência podem diminuir a autoestima do seu filho, pois poderá interpretar como se ele próprio não fosse aceite.

  • Mostre ao seu filho que tem o seu apoio total, reforçando que acredita que conseguirão mudar a situação, juntos.

  • Ajude-o a desenvolver a sua autoestima: ajude-o a ter uma boa relação com ele próprio, para que possa desenvolver relações mais positivas com os outros. Se sentir que precisa de ajuda profissional para o fazer, procure-a através, nomeadamente, de um psicólogo, mas lembre-se que o seu empenho é fundamental.

  • Fale todos os dias com o seu filho sobre o seu dia-a-dia: muitas crianças têm receio de falar, por isso dê o exemplo e deixe-o exprimir as suas emoções, oferecendo o espaço emocional e físico seguro.

  • Fale sobre as razões que levam os agressores a serem agressores de forma a mostrar ao seu filho que o bullying nada tem a ver com ele.

  • Envolva a escola, fale com os professores e com a direção executiva, falando sempre com o seu filho antes de o fazer.

  • Incentive o seu filho a falar sempre com um adulto na escola caso aconteça algo

  • Ajude-o a expressar os seus limites e a dizer que não: explique a importância do não e esteja consciente da cultura da sua família em torno dessa palavra (os “nãos” do seu filho são normalmente aceites? De que forma é que respeitam os seus limites?)

  • Deixe o sei filho treinar o “Não” com firmeza, fazendo um role play com ele, ou seja, treinando numa situação imaginária e hipotética.

  • Treine situações sociais com o seu filho, deixando-o escolher uma atividade extracurricular nova, onde possa (re)começar num meio social novo.

Por outro lado, a criança ou jovem pode também fazer bullying, ou seja, ser um bullie, indicando que se encontra em sofrimento psicológico. A tendência dos pais e da escola em relação aos agressores é, muitas vezes, julgar e castigar a criança ou adolescente. Ainda assim, é necessário, paralelamente, compreender quais as necessidades por detrás desse comportamento (que necessidades não estão a ser preenchidas? E quais estará o seu filho a tentar preencher com o bullying?).

  1. Habitualmente uma criança ou jovem que é bullie, apresenta uma autoestima e autoconceito fragilizados. Neste sentido, é necessário um reconhecimento e valorização do seu filho relativamente às suas capacidades e características enquanto pessoa capaz.

  2. É essencial falar com o seu filho sobre o bullying. Explique-lhe a sua posição, procurando compreender o ponto de vista dele, sem julgamentos, mostrando-se disponível para o ouvir.

  3. Lembre-se que o seu filho não se está a sentir bem e não é necessário fazê-lo sentir-se pior. Ajude-o a lidar com as razões por detrás do bullying e fale com ele sobre como pode agir de uma forma diferente no futuro, ajudando-o a desenvolver uma maior capacidade empática pelo outro.


É importante apostarmos na prevenção, no trabalho em rede, e na intervenção precoce através da empatia, da compreensão e do treino de competências socioemocionais. Os pais/cuidadores e a comunidade escolar devem estar atentos, no sentido de evitar, tratar e prever casos possíveis de agressão psicológica, física e social dentro das escolas. Se o seu filho se encontra numa situação de bullying (quer como vítima, ou como bullie), não hesite em procurar acompanhamento psicológico, nomeadamente junto de um psicólogo.




 

Com um até já Psikiko!

J.C.

 

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